
O desenvolvimento do MJS, com a sua variedade de grupos e associações, a presença de numerosos animadores, a diversidade de iniciativas e propostas formativas, é para nós membros da Família Salesiana uma graça de Deus e, ao mesmo tempo, um chamado. O Senhor envia-nos todos esses jovens para que os ajudemos no seu itinerário de crescimento como pessoas, até chegarem à plenitude da vida cristã.
A tendência associativa, a vida de grupo, a inspiração comunitária foi uma experiência quase espontânea na vida de Dom Bosco. Havia nele uma inclinação natural à socialidade e à amizade. O associacionismo juvenil é, portanto, uma exigência indispensável na proposta educativa ambicionada por Dom Bosco. Mediante uma pluralidade de grupos e associações juvenis temos a possibilidade de garantir uma presença educativa de qualidade nos novos espaços de socialização dos jovens. E esta experiência torna-se significativa no momento em que os jovens são chamados a compreenderem a realidade eclesial e a empenharem-se nela como membros vivos no "corpo" da comunidade cristã.
Pode parecer, às vezes, que os jovens dos nossos ambientes e de alguns dos nossos grupos sejam superficiais, sobretudo quando se manifestam no seu estilo rumoroso e festivo. Na realidade, muitos deles são profundamente bons e espirituais. Eles manifestam uma grande sede de Deus, de Cristo, de evangelho vivido na simplicidade e na normalidade da vida cotidiana. Dom Bosco estava convencido de que um percentual elevado entre os jovens enviados pelo Senhor às nossas casas possui disposições favoráveis para seguir uma vocação de especial empenho, se forem motivados e acompanhados convenientemente.[26] Justamente por viverem frequentemente num ambiente pouco favorável ao silêncio e à interiorização, procuram a nossa ajuda, o nosso apoio e o nosso acompanhamento no caminho de maturação da própria vida. A Espiritualidade Juvenil Salesiana, o estilo de vida cristã, vivido por Dom Bosco e pelos jovens do Oratório de Valdocco, constitui então um recurso a oferecer a estes jovens.
Em várias partes do mundo, muitas vocações à vida religiosa ou sacerdotal e também à vida laical empenhada na Família Salesiana florescem nos grupos e nas associações do MJS, sobretudo entre os animadores. É um fato que devemos levar em conta, valorizando e acompanhando muito melhor a experiência associativa. Talvez devêssemos estar mais convencidos de que os nossos jovens, sobretudo os jovens animadores, têm o direito de receber de nós um estímulo que os leve a pensar a própria vida e o próprio empenho em chave vocacional; em seu acompanhamento pessoal devemos propor com clareza a questão vocacional e encorajar a sua resposta generosa.
Esta é uma tarefa importante e urgente para cada salesiano e para cada membro da Família Salesiana em seu contato cotidiano com os jovens dos grupos e nos diversos trabalhos de animação. Quando houver uma ocasião propícia e uma disponibilidade potencial do jovem, esse é o momento de propor um compromisso vocacional. Nessa proposta devemos ser livres e corajosos, entregando-nos à ação do Espírito, que frequentemente haverá de nos surpreender com a sua ação.
Hoje, a idade das opções vocacionais de vida vai sendo adiada e, mesmo sendo a semente lançada na pré-adolescência ou adolescência, ela amadurece frequentemente em momentos sucessivos, quando os jovens se encontram na universidade ou nas primeiras experiências de trabalho. É importante promover propostas e espaços concretos que nos permitam acompanhá-los nestes momentos decisivos para o seu futuro. Entre estes jovens, devemos cuidar de modo especial daqueles que nos estão mais próximos, os animadores, os voluntários, os colaboradores das nossas obras que compartilham generosamente muitos aspectos da missão salesiana, que têm uma vontade autêntica de serviço e estão em busca de um projeto significativo de vida. É preciso garantir que a experiência de animação ou de voluntariado os ajude a organizar a própria vida segundo um itinerário de busca e de disponibilidade vocacional.
Notamos que entre os grupos do MJS vão-se desenvolvendo de modo admirável os grupos de Voluntariado. Eles são a primeira saída do itinerário formativo anteriormente realizado nos grupos. Os jovens, na opção pelo voluntariado, descobrem um espaço de iniciativa e de serviço que se torna contestação corajosa da mentalidade individualista e consumista que insidia muitas realidades sociais. Ao mesmo tempo, ajuda-os a amadurecer a visão vocacional da vida como dom e como serviço.
Deve-se colher este "sinal dos tempos" explicitando os seus múltiplos valores, sobretudo na educação à solidariedade e na riqueza vocacional que inclui.
Dom Bosco sabia empenhar os seus meninos, frequentemente muito jovens, em tarefas quase heroicas de voluntariado. Basta recordar os jovens "voluntários" na época da cólera em Turim. Mediante estes comprometimentos de serviço, ajudava-os a amadurecer a opção vocacional da vida. O envolvimento direto dos próprios jovens em sua educação e na transformação do ambiente foi, para Dom Bosco, uma das chaves fundamentais do seu sistema educativo, além de ser uma verdadeira escola de cidadania e de santidade.
Também nós, hoje, mediante o voluntariado, queremos repropor uma visão vocacional da vida, inspirada no Evangelho vivido segundo a Espiritualidade Juvenil Salesiana. O/a voluntário/a traduz na realidade aqueles valores e atitudes que caracterizam a "cultura vocacional", sublinhados anteriormente, como a defesa e promoção da vida humana, a confiança em si e no próximo, a interioridade que faz descobrir em si e nos outros a presença e a ação de Deus, a disponibilidade a sentir-se responsável e deixar-se envolver pelo bem dos outros em atitude de serviço e gratuidade. Esses valores devem ser cultivados durante a formação dos voluntários e inspirar os seus projetos e o seu modo de servir, de tal maneira que a experiência de voluntariado confirme a sua vida como cidadãos e como cristãos empenhados e não se reduza a uma experiência entre tantas outras vividas no tempo da juventude.
Desta forma, o voluntariado torna-se verdadeira escola de vida; contribui para educar os jovens à cultura da solidariedade perante os outros, sobretudo os mais carentes; faz crescer neles o espírito de acolhida, a abertura para o outro, e convida quase naturalmente à abertura do dom total e gratuito de si mesmos.
É importante, então, promover o voluntariado na Família Salesiana. Trata-se de uma proposta que deve ser conhecida, valorizada, acompanhada. Constitui por si mesma uma experiência típica na qual se pode cultivar adequadamente a cultura vocacional.