MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
EDUCAR OS JOVENS PARA A JUSTIÇA E A PAZ
1. O INÍCIO DE UM NOVO ANO, dom de Deus à humanidade, induz-me a
desejar a todos, com grande confiança e estima, de modo especial que
este tempo, que se abre diante de nós, fique marcado concretamente pela
justiça e a paz.
Com qual atitude devemos olhar para o novo ano? No salmo 130,
encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o homem de fé
aguarda pelo Senhor « mais do que a sentinela pela aurora » (v. 6),
aguarda por Ele com firme esperança, porque sabe que trará luz,
misericórdia, salvação. Esta expectativa nasce da experiência do povo
eleito, que reconhece ter sido educado por Deus a olhar o mundo na sua
verdade sem se deixar abater pelas tribulações. Convido-vos a olhar o
ano de 2012 com esta atitude confiante. É verdade que, no ano que
termina, cresceu o sentido de frustração por causa da crise que aflige a
sociedade, o mundo do trabalho e a economia; uma crise cujas raízes são
primariamente culturais e antropológicas. Quase parece que um manto de
escuridão teria descido sobre o nosso tempo, impedindo de ver com
clareza a luz do dia.
Mas, nesta escuridão, o coração do homem não cessa de aguardar
pela aurora de que fala o salmista. Esta expectativa mostra-se
particularmente viva e visível nos jovens; e é por isso que o meu
pensamento se volta para eles, considerando o contributo que podem e
devem oferecer à sociedade. Queria, pois, revestir a Mensagem para o XLV
Dia Mundial da Paz duma perspectiva educativa: «
Educar os jovens para a justiça e a paz », convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo.
A minha Mensagem dirige-se também aos pais, às famílias, a todas
as componentes educativas, formadoras, bem como aos responsáveis nos
diversos âmbitos da vida religiosa, social, política, económica,
cultural e mediática. Prestar atenção ao mundo juvenil, saber escutá-lo e
valorizá-lo para a construção dum futuro de justiça e de paz não é só
uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade.
Trata-se de comunicar aos jovens o apreço pelo valor positivo da
vida, suscitando neles o desejo de consumá-la ao serviço do Bem. Esta é
uma tarefa, na qual todos nós estamos, pessoalmente, comprometidos.
As preocupações manifestadas por muitos jovens nestes últimos
tempos, em várias regiões do mundo, exprimem o desejo de poder olhar
para o futuro com fundada esperança. Na hora actual, muitos são os
aspectos que os trazem apreensivos: o desejo de receber uma formação que
os prepare de maneira mais profunda para enfrentar a realidade, a
dificuldade de formar uma família e encontrar um emprego estável, a
capacidade efectiva de intervir no mundo da política, da cultura e da
economia contribuindo para a construção duma sociedade de rosto mais
humano e solidário.
É importante que estes fermentos e o idealismo que encerram
encontrem a devida atenção em todas as componentes da sociedade. A
Igreja olha para os jovens com esperança, tem confiança neles e
encoraja-os a procurarem a verdade, a defenderem o bem comum, a
possuírem perspectivas abertas sobre o mundo e olhos capazes de ver «
coisas novas » (Is
42, 9; 48, 6).